Só SP no Marcantonio Vilaça

 

Na lista divulgada ontem pelo Prêmio Marcantônio Vilaça, um dos mais respeitados do país, há 17 artistas nascidos em São Paulo e três residentes na capital do Estado há anos, formando um contingente de 20 “paulistas” no total dos 30 pré-selecionados. Em um prêmio que se pretende nacional e que chegou a esta edição sob o discurso da regionalização, é uma pré-seleção discutível e um tanto preocupante.

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Alguns dos jurados e organizadores do Marcantonio Vilaça nesta etapa não só são meus conhecidos, mas pessoas por quem tenho respeito e afeto imensos. Tenho certeza que eles entenderão este texto como uma tentativa de debate, jamais de ataque.

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Como este foi/é um júri respeitável, não acredito que a preponderância de São Paulo tenha sido um caso pensado. Mas é, sem dúvida alguma, um caso a se pensar.

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Talvez os artistas paulistas tenham representado uma massa desproporcional em relação aos outros estados no volume de inscrições. Isso acontece – e aconteceu recentemente em uma seleção para jovens artistas de visibilidade bem menor que o Marcantônio Vilaça, o Abre Alas da galeria A Gentil Carioca, no Rio.

O júri – formado por Bernardo Mosqueira, Bob N  e por mim – procurou insistentemente por artistas de outros estados entre os portfolios. Mas havia poucos – e, dentre os poucos, pouquíssimos relevantes. Entre os 19 selecionados, acabou entrando uma artista residente em São Paulo – hoje mais paulistana do que uma carioca de origem – e uma catarinense.

Por outro lado, havia uma massa grande de estrangeiros com qualidade, já que artistas de outros países são permitidos no Abre Alas. A estratégia, então, foi aumentar esta participação gringa – com um suíço, uma chilena, um alemão e um argentino – para que a mostra não se tornasse apenas carioca. O método se transformou em uma justificativa pública no material de imprensa do projeto e nas entrevistas dos curadores, porque entendemos que o Brasil é um país continental e sabemos que os artistas que mandam seus currículos para qualquer seleção merecem saber como ela foi feita. A falta de nordestinos, brasilienses, paulistas, gaúchos, mineiros e nortistas na nossa lista final não era um fato irrelevante e precisava ser verbalizada, explicada.

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Carioca apaixonada por São Paulo, com longas temporadas passadas entre os amados paulistanos, não me furto a olhar para os exageros de parte a parte na competição atávica entre os dois estados. Já me peguei discutindo – em rodas acadêmicas, no Facebook ou no bar –  o bairrismo arrogante, autoritário, decadente e até desrespeitoso do Rio de Janeiro. Mas também já enxerguei, com muita facilidade, o protecionismo monolítico, obtuso e um tanto recalcado de São Paulo. São males equivalentes, que emburrecem e diminuem cariocas e paulistas, porque nenhuma forma de pasteurização pode ser bem vinda.

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O mineiro Agnaldo Farias, curador da última Bienal de São Paulo,  repete sempre uma frase que, a meu ver, deveria ser um mantra para qualquer crítico de arte, curador, professor ou artista:  “A inteligência pode brotar em qualquer parte”.  Ela poderia ser aplicada em necessários equilíbrios geográficos, econômicos ou sociais, mas também na dissolução das panelinhas que se multiplicam em nosso meio de arte.

Tento segui-la à risca, mas falho inúmeras vezes. E é por saber de meus desvios que acredito na validade deste debate.

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Há minguados 10 nomes de todo o resto do território nacional na lista megapaulista do Marcantonio Vilaça: Laura Belém por Minas Gerais; Cristiano Lenhardt (que hoje reside em Recife) e Michel Zózimo da Rocha pelo Rio Grande do Sul; Bruno Faria e Bruno Vilela representando o Nordeste;  Elder Rocha e Marcelo Solá pelo Centro Oeste (Goiânia e Brasília, respectivamente); Cadu e Vicente de Mello pelo Rio de Janeiro; Marcone Moreira pelo Pará.

Entre os 508 artistas inscritos, era só mesmo isso o que se impunha, além da Pauliceia?

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Mais ainda: nomes importantes de dentro de São Paulo ficaram de fora. Todo brasileiro acha que é técnico de futebol, assim como todo curador ou crítico de arte faria reparos numa lista de um prêmio ou Bienal.

Ressalva digitada, eu ousaria afirmar que a envergadura dos 20 nomes “paulistas” não é equilibrada em termos de qualidade e currículo. Alguns artistas que teriam lugar garantido e inquestionável em qualquer premiação, em qualquer lugar do país – dois deles foram finalistas de um prêmio recente organizado no Rio – foram misturados a outros com muito menos fôlego.

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Ainda palpitando, para eliminar a discrepância descrita acima, descartaria uns 12 “paulistas” da lista original, incluindo pelo menos 2 nomes de São Paulo mais potentes. Preservaria, assim, um “núcleo duro” e ainda majoritário de cerca de 10 “paulistas” de altíssima voltagem, o que não deixaria de ser um espelho da preponderância do estado no mercado de arte brasileiro.

O dinheiro está concentrado lá, isso é certo. Mas não a criação, que se espalha por todo o Brasil – e é a ela que se destina o Marcantonio Vilaça.

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Mas voltemos ao equilíbrio da lista: com o corte daqueles paulistas citados como menos primordiais e menos parrudos, mais a inclusão de 2 nomes mais porretas, haveria um “troquinho” de 10 vagas para criadores de outras localidades.

Já ficava melhor, não?

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Uma região gigantesca e plural como o Nordeste – que já revelou Antonios, Samicos, Rufinos, Efrains e Marepes – comparece na lista de agora com apenas dois artistas. (Contei o cearense Nazareno, artista talentosíssimo, como um dos “paulistas” entre aspas, já que reside em São Paulo capital há anos).

Não é esquisito?

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Preciso falar do Rio, já que é aqui que trabalho, daqui que escrevo, aqui que convivo. Prefiro não apontar este ou aquele artista carioca como inevitável à seleção, para não tornar ainda mais pantanoso o território das escolhas. Sobretudo porque não sou mesmo jurada, apenas alguém que neste momento veste o personagem de analista. Mas me parece óbvio que podia haver mais cariocas e mais gente ainda vinda de outros lugares deste Brasilzão.

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O Marcantonio Vilaça sempre foi, aliás, uma das formas de os artistas brasileiros de todo canto conhecerem outros artistas brasileiros de todo canto. A exposição com os cinco finalistas do Prêmio viaja por todo o território, provocando um saudável intercâmbio, uma troca de olhares. Antes disso, a lista inicial de 30 nomes desperta a curiosidade natural de quem acompanha o surgimento de novos talentos.

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Ao apostar todas as suas fichas em São Paulo, economia hegemônica cujo mercado de arte já projeta seus artistas nacionalmente, o Marcantonio Vilaça entra em sua fase derradeira com um leque de escolhas desproporcional para a peneira dos cinco finalistas.

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Com São Paulo em 2/3 de sua seleção, finca sua âncora em uma parte específica do mapa. E parece entrar em dissonância com sua própria identidade, calcada desde sempre em um modelo aberto, heterogêneo e viajante.

77 thoughts on “Só SP no Marcantonio Vilaça

  1. ESTE COMENTÁRIO É DO MARCONE MOREIRA, que não estava conseguindo postar aqui e colaborar para o debate. O endereço do blog do Marcone está no pé da mensagem.

    Olá a todos.
    depois de ler todos os comentarios, só quero dizer que fico feliz por ver uma discussão tao consistente e com essa diversidade de colocaçoes em torno do sistema de arte brasileiro.
    seria interessante que tivessemos mais essas iniciativas, essas reflexões.
    Daniela, parabéns pela iniciativa.
    Laerte teu texto foi bastante rico e profundo nas colocações e sem duvida estar contribuindo muito nessas conversas.
    assim como as colocações do Marcelo, Marcius e Murucci e tantos outros amigos que estão se envolvendo na discussão.
    fiquei surpreso com algumas citações do meu nome, agradeço ao carinho de vocês.
    como costumo dizer, sinceramente não faço arte por escolha, nem seria inteligente da minha parte, morando onde moro, onde sequer minha familia entende o que eu faço. Portando o fazer artistico pra mim é quase um problema que não pude escapar, mas aprendi a lidar com isso, e por isso faço com muita seriedade, respeito e verdade.
    ate por uma questao geografica, sinto na pele varios desses problemas citados por vocês, mas tento driblar essas adversidades, como por exemplo contribuindo no desenvolvimento artistico da cidade onde escolhi para morar, em Marabá.
    Acho que pra ser um artista não sinto a obrigação de viver em lugares onde supostamente eu iria “acontecer” como artista, não que me impeça de sair tambem, como já fiz e pretendo fazer em breve, não tenho a necessidade do lugar pra produzir, ate porque, aonde eu for o meu lugar vai comigo e a cada lugar que chego sou contaminado e enriquecido também.
    enfim, acho que estou me perdendo nas palavras, como disse o Marcius, deixa eu postar logo, senão vou deletar tudo também.
    o pais é maior que um estado, a arte é maior que a economia, nos podemos ser maiores que essas adversidades.
    que todos tenhamos a ganância de conhecer as outras faces desse gigantesco pais.
    abraços a todos.
    http://www.marconemoreira.blogspot.com

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  2. Angelo,

    Não respondi a todos os comentários, só aos que mantiveram ou elevaram o nível da discussão, que foram muitos. Não faz o menor sentido você vir chatear a minha comemoração com um comentário em letras garrafais – portanto, aos gritos – e me acusando de criar falsas polêmicas. Nunca precisei disso e nem precisarei. Quem parece ter esta estratégia é você. Por favor, se você continuar neste tom, vou ser obrigada a moderar sua participação, o que só fiz duas vezes em 1 um ano e 5 meses de blog.

    Obrigada.

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  3. Olá, Daniela!!! Fiquei muito feliz pelo seu texto. E chamo atenção para outra coisa: vc percebeu que vários nomes estão repetidos nas 4 edições do Prêmio? Sou de Goiás… Um exemplo é o nome do artista Marcelo Solá. O artista é um dos nomes que se repetiu em outras edições do Prêmio.. O problema não é o Marcelo Solá…. Mas será que em Goiàs não existe ninguém mais? Vc perceberá que outros nomes foram repetidos nas edições, tal é o caso de Elder Rocha Lima de BSB. Deixo esta observação. Obrigada.

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  4. A segunda edição do Prêmio Diário Contemporâneo, cujo julgamento foi na semana passada em Belém do Pará, premiou um artista do Recife, outro de Fortaleza e uma artista de Belém. E havia muitos paulistas e cariocas concorrendo.
    Abraço e parabéns!

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    1. Oi, Tadeu,

      Obrigada pelo seu comentário. Adoraria noticiar isso aqui. Você teria um link/caminho para mim?
      Estou criando um Banco de Portfolios aqui no blog, para artistas de todo país. Dá uma olhadinha no post e me ajuda a divulgar, por favor!

      Um abraço,
      Daniela

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      1. Daniela, minha cara. N tenho o link, mas se me enviar um email posso passar pra vc o email do responsável pelo prêmio, ok?
        Abraço grande
        Tadeu

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  5. Ola Dani.
    Por Favor, divulge este projeto – vale ouro.
    http://www.salaodeartedocentrooeste.com/

    Mais uma iniciativa de um curador independente que criou um evento usando a FUNARTE como ferramenta.
    Vale a pena ver o texto dele – é bem humano.
    Temos sempre que apoiar estas propostas, e fazer os “paulistas & cariocas” lembrarem do nosso lindo Brasil.
    Parabens ao Curador Carlos Sena Passos pelo projeto, visão, e proposta.
    Obrigado.

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    1. Já está devidamente no ar, cavalheiro. Obrigada pela “pauta”, usando o jargão de minha antiga profissão, que sempre estará dentro de mim – com muito orgulho, aliás. Um beijo.

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  6. Wow…ainda assimilando a fluência da coisa aqui, muito bom, arf arf.
    Estou fora do Brasil há uns 2 meses mas tento acompanhar, do jeito que dá, a dinâmica do meio das artes daí, que afinal ainda tb é o meu.
    Interessante os desdobramentos que a discussão em torno do Premio SESI [pois é, tb tem essa parte curiosa no enunciado…] / MarcantonioV tomou, ainda que eu não compre tanto a aparente motivação inicial [que tende a resvalar para bairrismos baratos e tals]…embora de fato a ‘proporção’ em questão seja um dado acachapante.
    Num meio em que a tônica vigente são tratados tácitos de omissão e outras convenções veladas, acho sempre um alento me deparar com um exercício público [e coletivo!] de reflexão descompromissada acerca de aspectos caros à lógica do sistema, do qual esse prêmio é um bom exemplo.
    No momento não consigo achar um ponto de entrada na discussão, tantos são os focos possíveis que surgiram no deserolar da discussão, mas assim que tomar fôlego tento engatar algo.
    Abs e vamos seguir com a lenha na fogueira,
    Guy A.

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  7. Como disse o Laerte e o Fábio, temos que torçer para que processos como o do Rumos sejam mais freqüentes e mesmo este , mais cobrado.
    Retratos desfocados não validam identidades, mesmo que belos, … com photoshop então , rsrsrrs …

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  8. So uma notinha rapida, para Daniela e Luisa Baldan.
    Então…..como ja perceberam, a caracteristica do marcantonio é uma.
    Vou falar novamente o rumos:
    Eles fazem um espalhamento de equipes de curadores (e ate de artsitas também) que saem pelo brasil afora para entrar nos ateliers e conhecer as realidades de todas as regiões.
    Eles selecionam uma parte de todos os nomes e “mapeiam” uma outra parte. Os Mapeados não fazem parte das exposições, mas ficam la (acredito que tinham uns terminais de consulta no itau, mas agora deve ter em algum banco de dados nos computadores deles – e deve ter acesso ao publico sim). Bom, isto é o que estavamos questionando: este mapeamento.
    Peço que pesquisem mais sobre todas as ações do rumos como quando levam detentos para ver exposições, ver todas as regiões que eles ja conseguiram ir, ver todos os curadores e seus muitos assistentes que tambem viajaram para conhecer cada pedacinho do nosso pais.
    Daniela, acho que vc realmente deveria entrar em contato com os ultimos curadores participantes do rumos, acho que eles poderão dar informações valiosas sobre as realidades esquecidas do nosso país.
    La no site tem o nome de todos: curadores e assistentes.
    Tente conversar com eles também para ver como participar (acho que é por convite apenas). Eles também lancaram um catálogo, que alem das imagens dos trabalhos dos artsitas participantes, tem também os textos-relatorios de cada curador e assistente. Vale a pena uma leitura aprofundada como pesquisa…..
    BEijos

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  9. Dani , volto ao papo ( muito gostoso ), tão estimulante e alto nível …

    Ano passado durante a Bienal da Áustria, que participei, artistas de Wuppertal reclamavam que a importância de Dusseldorf, onde eles se situam como área de abrangência, entrou em declínio frente a Berlin, como pólo irradiador de atenção na arte contemporânea e assim artistas que não se propunham a mudarem seus ateliers para lá, estariam fadados a dificuldades de visibilidade. Todos sabemos, que hoje Berlin tomou a frente como cidade meca na Europa e uma das principais no mundo, porém este relato, é sobre uma situação geográfica que caberia dentro do Estado de S.Paulo. Sem contar com o outrora poder econômico do euro.
    Quando falamos em Brasil, lembramos de alguns nomes, muitos meus amigos por quem tenho enorme respeito e admiração. Mas a despeito de se manter fiel ao seu repertório “regional”, um artista como o Marcone, é um cidadão do mundo, articulado, bem relacionado e assessorado por uma boa galeria … e assim o são Marepe e alguns ( poucos ) outros artistas que ali estão, em muitas premiações e listas finais. Quando o Marcantonio começou, vindo da alma desbravadora de um genuíno amor pelo novo, pelo a ser descoberto, achei que a proposta seria a tentativa de chegar aos rincões do país, achando pedras brutas para sua lapidação final. Era interessante a colocação de premiar carreiras dinamicamente em construção, com repertório e identidade consolidadas, como um prêmio de maturidade, independente de idades e/ou visibilidade mercadológica, fato pelo qual não quis até agora participar, por não querer abrir não de uma pluralidade de investigações, que precisariam de tempo para serem vistas num todo, difíceis nos limites de análise no formato do edital, como falou a Luisa.

    Porém, quando disse sobre “a erosão de nossas poucas iniciativas válidas”, me refiro ao eterno problema forma/função/tempo dos editais em geral no Brasil ( mesmo que não seja muito diferente lá fora ). Ano passado me inscrevi em 28 deles, com vários projetos pessoais e algumas curadorias, ganhando da Caixa, a mostra Nova Escultura Brasileira, uma coletiva que mesmo com um ano de pesquisa prévia, vai me tomar todos os meses até novembro, para preescutar, escolher, entender e adicionar algum ponto de vista pessoal em trabalhos de tantos artistas maravilhosos. E aí chegamos ao ponto de atrito – Como podem bancas de poucos dias, com portifólios restritos e critérios não abertos, conseguirem sobreviver, a despeito da boa intenção de seus corpos jurados ? E não me refiro ao PMV em especial e sim a dinâmica de quase todos os prêmios aos quais tive notícias de bastidores sobre as dificuldades na análise de tanto material.

    Certamente não falta ao SESI , poder economico para um processo distensivo, pluralista e investigativo para fazer do PMV um projeto relevante, nacional e internacionalmente. Ele assim o é, num âmbito midiático, mas a cada edição e maior número de participantes, vai se configurando como um espaço distante de uma visão possível de equilíbrio e respeito ao seu DNA, meta possível, já que nenhum prêmio se propõe a unanimidades. Por isso este debate aberto por vc, Dani, seja além de importante, tão acalorado e necessário. Creio que o grave problema do processo deva ser nosso foco, pois dele nasçem as distorções e os pseudo-corporativismos.

    Vamos pedir transparência, sim, mas principalmente critérios sólidos e democráticos em sua estrutura, que o faça valer como projeto nacional. E quem sabe um dia ele seja nosso Turner ( ou versão menos polêmica dele, rsrsrsrs ) .

    E voltando a questão SP x Rio / Berlin X Dusseldorf, mesmo que isto seja fruto da distorção acima, a verdade é que o Rio, mais grupal e democrático, deve se estruturar em ações mais ativas e menos naifs, reconhecendo o poder de mercado de SP, sem exasperações ou bairrismos e tomando pra si, sua real natureza de polo irradiador, de onde frutificaram todos os nomes que hoje colocam o Brasil na elite da arte contemporânea. Se esta auto-estima se manter clara, talvez os artistas cariocas possam ter 3.8 segundos a mais de atenção per capita de cada jurado. Talvez seja o bastante.

    Marcius, falta vc na minha mostra, tenho tido dificuldade de acessá-lo e quero muito vc junto com o Marcone e o Laerte ! Bjs a todos !

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    1. Oi, Murucci, adorei a reflexão.
      O post já caminhou tanto que se a gente tiver um mínimo de iniciativa pode avançar dois passinhos de formiga para uma melhor direção.
      Beijos!

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  10. Eu também… pensamento alto sem filtro… Eu me referia aos comentários… o debate é saudável… bacanérrimo sim. Mas não acho que necessite um panorama nesse tipo de prêmio. Tentar chegar numa equação justa abre precedentes para as pessoas acharem que tem pouca pintura, ou gravura ou ou instalação… vai chegando num ponto de refinamento de justiça que fica impossível se estabelecer uma escolha… tenho certeza que mudando o Juri a escolha mudaria totalmente… acho que se deve pensar nessa escolha do juri… críticos de diferentes pontos de vista geram maior pluralidade geográfica e estética… Mas a escolha deles deve ser livre… se estabelece um acordo que se deseja um mapeamento, que isso fique claro.

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    1. Agora vc fez uma boa síntese. Acho que isso resolve os problemas específicos do júri. E as outras coisas que estamos levantando são casos a se pensar para melhorar a aproximação entre artistas e críticos, fazendo a informação circular. Início de abril estou aí. Vamos nos ver pessoalmente! Estou pensando também em fazer um “banco de portfolios” no blog, mas antes eu tenho que ter $$$ para dar uma turbinada no dito cujo.
      Beijos

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      1. Dani,
        Tenho bastante experiência com sites, só não sou muito fã de animações Flash. Teria o maior prazer em te ajudar nesse “banco de portfolios”, nem que seja ajudar a pensar, mas também ajudar a montar o dito cujo, dentro do que me for possível.
        bjos!
        Fábio

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  11. Mas faz parte isso… mesmo tendo todas as condições para entender o trabalho… que acho impossível… tem esssa possibilidade de se encantar com o trabalho de um jovem artista desconhecido e deixar de fora alguem com um trabalho mais maduro… mas ainda acho que pensar ja coloquei muitos mineiros na lista, ou ” _ meu deus… so coloquei mulheres na minha seleção!”, irrelevante…

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    1. Sim, somos humanos… Mas não sei… Será que os prêmios, assim como as Bienais, não têm tb um compromisso com um panorama mais histórico (não retrospectivo, mas daquele momento)? Se sim, é preciso pensar mais de uma vez na hora de dosar os encantamentos…

      Agora não estou afirmando nada mesmo… Estou pensando junto com vc… bjks

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  12. Caríssima Daniela… desculpe a demora para opinar…Tenho acompanhado a discussão e confesso dificuldade em entender o problema da desproporção entre estados na escolha do juri.
    fiquei pensando em algumas coisas que vou enumerar:
    1. A não ser que esteja muito enganado o PMV não é um mapeamento da produção Nacional. Escolhem um Juri, que varia todo ano e esse Juri tem liberdade para discutir e apresentar 30 nomes que depois passarão por um outro Juri para que se escolha 5 nomes … (não estou defendendo esse modelo…). mas esse critério vai variar a cada Juri… devem entrar num acordo (acho que poderiam deixar isso claro).
    2. Não acho que esse Juri seja mal intencionado para favorecer a cidade com maior investimento de capital… como ouvi em alguns comentários.. não tem sentido nenhum essa afirmação pois não tem ninguém do Juri (ao que me parece) beneficiário de uma possível indicação de algum artista ou que alguma cidade se imponha como detentora do foco de artistas indicados (Talvez exista a possibilidade de levantar essa lebre num juri como do PIPA onde galeristas votavam e o nome do prêmio é INVESTIDOR PROFISSIONAL)… bom Mas estamos falando do Marcantonio. Não acho que o Juri tenha que estabelecer um sistema de cotas (seria lamentável se houvesse)… no início da discussão parecia que a conversa ia descambar pra esse lado … mas depois melhorou bem.
    3. Bom então temos um Juri aparentemente idôneo (ou o sentido da discussão é questionar a integridade dos jurados? Pois foram eles que escolheram) e com liberdade de pré-selecionar 30 artistas dos quais somente 5 ganham alguma coisa. (essa também é uma boa questão levantada pelo Laerte… por que fazer esse alarde de indicação de 30… se nem uma publicação é feita para os “quase”).
    4. Afinal, toda vez que se escolhe 30 de 500 e 5 de 30 muita gente excelente fica de fora (claro!)…. mas não consigo pensar que ele ficou de fora pq é de Minas ou é Carioca, ou é mulher… acho muito, muito pequeno. E também não acho que se deve levar em conta somente a solidez da carreira do artista… tem muito artista bem novo que faz um trabalho muito potente e as vzs isso fica evidente em como ele o apresenta.
    Enfim… vou publicar logo pois se eu reler vou apagar… acho que temos que pensar soluções para ampliar e não para limitar, ou criar normas que podem burocratizar demais.

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    1. Oi, Marcius!

      Que bom que você não apagou o comentário.

      Olha, logo no início do debate, a Ana Holck citou o PIPA e eu disse que achava que, entre os dois métodos de seleção, sem dúvida alguma o do PMV é muito melhor. A indicação, sobretudo quando inclui galeristas e colecionadores, gera distorções tremendas. Além disso, por se tratar de um prêmio novo, os artistas que são professores indicaram diretamente seus alunos, sem pensar uma segunda vez se estavam mandando a melhor lista que poderiam fazer.

      O júri, sem dúvida, é idôneo.

      Nestes pontos concordamos totalmente!

      A esta altura a discussão já virou para um campo mais amplo, vide o comentário da Jaqueline Vojta no texto postado logo depois deste, “+ Marcantonio Vilaça”. Precisamos pensar nos métodos de seleção e na forma de os artistas acompanharem melhor os trabalhos dos artistas.

      Se eu, por exemplo, não tivesse condições de viajar do meu próprio bolso, o único registro que teria de sua obra seria a exposição da Silvia Cintra, o que é já era uma pista, mas ainda muito pouco para perceber o artista incrível que você é. Se eu nunca tivesse visto nem sua exposição na Silvia Cintra, talvez seu portfolio não me desse noção de quem é você, do que você faz.

      Aliás, mesmo já tendo visto bastante seu trabalho – na Bienal, na Luisa Strina, em Inhotim, no CCSP e “conversado” longamente com vc por email – ainda falta muito o que descobrir e espero que este ano, que vamos poder estar mais próximos, eu tenha a oportunidade de um mergulho mais profundo. É disso que estamos falando agora, creio eu. E isso é que tornou o debate bacanérrimo.

      Sobre “artista de Minas” e “artista do Rio” ser uma redução, o importante é ser artista do Brasil… Bem, acho que isso é um pouco relativo. Talvez valha num território como o inglês, que é pequeno, mas basta a gente pensar na pintura alemã para ver que a coisa já muda de figura. As informações do lado ocidental são totalmente diferentes do lado oriental, por motivos históricos que eu não preciso descrever aqui.

      Como já vi muito de perto trabalhos de jovens artistas paulistas que admiro muito – você, Moscheta e Laerte entre eles, só para citar apenas o que estão participando do debate aqui – sei que há uma diversidade muito grande entre vocês, mas há um fio invisível que liga todas as obras. Um fio sutilíssimo, mas que está lá, e aparece mais em alguns artistas que em outros. Existem informações culturais e urbanas que são comuns a vocês e isso é inegável.

      O mesmo se dá com os artistas do Rio e de Minas. Pernambuco também tem um traço curiosíssimo, não só nas artes como também na música. Então, acho que esta “classificação” não é um desejo meu para “cotas” e sim uma vontade de ver diversidade.

      Sou uma curiosa. Quando eu era pequena, queria ser a boneca Emília. No restaurante, fico torcendo pro meu acompanhante pedir um prato diferente para poder experimentar mais de um, sabe como é? Foi por aí meu raciocínio.

      Beijos.

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  13. Excelente discussão. Um prazer ler o texto da Daniela, tão claro e objetivo, e ler respostas consideradas de tanta gente legal. Seria legal ouvir da comissão julgadora – oficialmente – qual o critério de seleção. Não está claro se esse prêmio é para artistas mais iniciantes mercadologicamente falando ou só pra artistas já representados por galerias grandes em SP. Tenho certeza que com esses 30 selecionados, na próxima edição o número de inscrições irá cair bastante.

    Esse prêmio poderia ser extendido a uma iniciativa maior. Poderia por exemplo utilizar toda essa informação de inscrições para criar um cadastro, online, de artistas brasileiros, assim como o White Columns e Drawing Center em NY. Trazendo a perspectiva de alguém que morou fora por muito tempo, vejo como os holofotes do mundo das artes internacional começaram a descender no brasil, e como isso faz a competição ainda mais acirrada.

    É preciso que entidades governamentais – a funarte, talvez? criem um registro abrangente, LONGE da estrutura “prêmios”, algo que seja acessível a todos. Só assim poderemos todos ver a cara da produção nacional que não tem vez dentro ou fora das grandes capitais. A delicada questão “qualidade” deve ser pensada ao lado da questão “acesso”.

    É preciso criar iniciativas que considerem a produção nacional como um todo, favorecendo não só as pessoas que já estão confortavelmente inseridas no contexto artístico nacional. Acho que todos nós artistas estamos curiosos pra ver o trabalhos das pessoas que ficaram de fora. Esses prêmios são oportunidades conhecer muita coisa que não conhecemos, o que não é o caso dessa edição.

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    1. Oi, Manuela,

      Um prazer te ler. É deste registro abrangente/institucional, não necessariamente ligado a um concurso, que realmente que precisamos.
      Isso não invalida a excelente iniciativa do Sesi com o Marcantonio Vilaça, claro que não.
      No post seguinte a este, ilustrado com um Zé Carioca, começo a entrar nesta discussão mais abrangente em que vc também toca.

      bjks

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  14. Olá,
    gostei do debate,
    Eu sou de minas, e gostaria de falar sobre o que tem acontecido aqui e como a capital Belo Horizonte está em um clima desfavorável para as artes plásticas. Talvez explique a pouca representatividade dos mineiros. A gente sabe que para um ambiente favorável pra arte existir, precisamos de boas escolas, bons espaços culturais, boas galerias, para movimentar e incentivar a produção local. BH tem duas faculdades de Arte, Guignard e UFMG, dezenas de artistas se formam por ano … mas acredito que as escolas de certa forma não são o problema. Acho que os problemas maiores estão nos espaços, tanto institucionais como galerias comerciais. Vou dar exemplos. Nosso principal espaço e melhor localizado, o Palacio das Artes. Este espaço, que antigamente abria suas portas para artistas iniciantes, e que servia de grande incentivo e movimentação local praticamente fechou as portas pra isso. Existia um edital para exposições no local que simplesmente deixou de existir. O ultimo edital ocorreu em 2009 para a ocupação das galerias em 2010. Passaram apenas artistas de SP e um do Sul, ninguem daqui… e estas exposições simplesmente não aconteceram. E não ocorreu abertura de edital para esse ano. Também ninguem daqui passou no espaço da Funarte BH …Há deficiência em outros espaços também…. As galerias comerciais daqui são uma piada, não fazem exposição, não movimentam o mercado… uma cidade com poucas possibilidades de projeção … Melhoras pra BH

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    1. OI Augusto,
      Meu comentário não é de forma alguma uma crítica ao que você disse. Já frequentei muito o circuito de artes de BH, entre 2000 e 2004. Entendo e concordo com muito do que você disse. E olha que naqueles tempos ainda tinha o Itaú Cultural.
      Mas percebo em seu comentário (me corrija se estou errado, por favor), uma coisa que comentei mais acima: os artistas atualmente esperam que os espaços institucionais e comerciais existam e dêem vazão aos seus trabalhos.
      Não deveriam! Façam vocês mesmos seus trabalhos circularem!
      Nos anos 1990, quando praticamente não existia espaços “oficiais” ou galerias, havia muita movimentação dos próprios artistas, que se juntavam, organizavam exposições, e corriam atrás de locais para apresentá-las, e muitas vezes cuidavam até mesmo da divulgação, que era bem mais complicado naquela época.
      Em BH há iniciativas desta natureza, como o Grupo Poro. BH sempre foi um lugar bem movimentado neste aspecto, até mesmo pois há duas boas escolas de arte, como você mencionou.
      abraços!

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      1. Ei Fábio,
        você está certíssimo. Concordo com tudo que falou. É bom não depender das instituições, e ações como a do Grupo Poro dão exemplo.
        Mas também é bom ter espaços que funcionem como fomentadores de cultura na cidade né.
        grande abraço

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    2. Maravilha, uma das poucas discussões sobre arte q vejo q não cai hora nenhuma na baixaria!!
      Bem, minha opinião: o marcius falou uma coisa interessante, o que o prêmio propõe? porque quem manda portifólio tem que estar de acordo com o que é dito. e pelo que procede, podem ser os 30 de sp capital que não vai estar errado. Então o que estamos discutindo por fim é uma ética de nivelamento. Temos artistas excelentes em todos os cantos? claro. mas há mais possibilidades de formar bons artistas em sp pq tem quantidade e qualidade dos equipamentos culturais, escolas mais bem equipadas, mercado mais estruturado, mais possibilidades de conexões, e a lista é longa… isso faz um artista ser bom? não necessariamente, porque ainda há outros fatores que não dependem disso, mas tem-se de concordar que a possibilidade de ser um bom artista e adquirir espaço aumenta. daí, eu como belohorizontino radicado no rio, acredito que a pífia participação mineira (a participação fluminense para mim é um mistério porque havia artistas muito bons e merecedores) em várias listas se dá pela falta de estrutura que temos em muitos lugares, mas n só em bh. como surgir bons artistas se sequer temos boas exposições para ver? ficar na lanhouse abrindo sites n é suficiente. e ainda há o olhar glorificador do que é de fora que persite nos provincianos. cansei de realizar exposições, mostras e palestras com os amigos (uma delas reunindo 600 pessoas na abertura no saudoso Mamacadela). o que temos é que questionar os editais, e que os mesmos sejam moldados a nossa semelhança e a do público que especta e não deixar que façam repetidos Crtl+C Ctr+V (e já vi isso acontecer).
      \m/
      a uma parte do que o laerte disse, acho que é obrigação de TODO lugar onde um artista expor, haver uma contrapartida (financeira principalmente), pq arte dá trabalho e ninguém vive de ar. somos profissionais. mas para isso faltam leis e cobrança de nossa parte por causa de uma herança cultural secular. Mas não é só isso. Uma máquina só funciona perfeita se todas as engrenagens estiverem em seu lugar adquado e funcionando.

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  15. Olá!!
    Lendo o site mapa das artes acabei vindo parar aqui.
    Adorei seu blog e seus comentários bastante pertinentes
    acerca do PMV. Acho a iniciativa do sesi super louvavel,
    mas acredito que seja o momento de se pensar num formato
    de evento que realmente atenda a dinâmica da produção estética contemporânea e de abrangencia de fato nacional

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  16. Daniela,

    Esta sua reflexão foi uma das melhores coisas que li em seu blog até hoje. Não apenas por suas palavras, tão acertadas e bem colocadas, mas principalmente pelo debate que gerou.
    Uma coisa que sinto muita falta em nosso meio é mais debate, mais participação, mais troca entre os artistas entre si, troca entre os críticos e curadores, troca entre todos os agentes deste meio.
    Espero que este debate seja apenas o início de um profunda reflexão e discussão entre todos nós, que nos ajude a achar novos formatos, mais justos e equilibrados, pois desde que comecei, nos anos 1990, o que mais ouço é que se precisa mudar os formatos e parâmetros para seleções de salões e projetos de mapeamento.
    abraços!
    Fábio

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  17. quantos concordares. quanta politica. calma la.

    lambida de cobra nao se retribui com linguada.

    o que falta nessa história (além de muito) é entender se o premio é um assinalador de porretas ou um assimilador de porretantes.
    passando por isso, começa a ser possível pensar nas questoes de hipocrisias demagogias politicagens profissionalizartistagens regionalismos ressentimentos necessidades possibilidades visibilidades emergencias ansiedades justiça generosidade afeiçao promiscuidade encantamento prostituiçao cordialidade.

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  18. Olá Daniela.
    Primeiramente, parabéns pela atitude. Para artistas que não residem em SP, mesmo embora estejam sempre no circuito e fomentando o meio paulista, esse sintoma tem sido mais que óbvio em todas as edições do prêmio.
    Eu me inscrivi em todos, nunca fui sequer selecionado, aí perdi o gosto, mas mais do que por vontade própria, nos dois últimos me inscrevi por capricho à sugestão do meu galerista de SP e do Celso, coordenador do Mapa das Artes, mas infelizmente o júri, por suas razões, nunca achou meu portfólio aceitável. Não é de meu costume reclamar, sempre acato e compreendo como funcionam estes concursos, mas acho estranho se meu projeto foi um dos considerados pouco relevantes como você diz no seu texto.
    Eu provavelmente não deverei, nem poderei participar mais, mas confesso e expresso minha decepção pessoal com este programa mais do que com qualquer outro, por várias razões, a começar pelo evidente núcleo que se forma na primeira análise, deixando à comissão de premiação a limitada responsabilidade de premiar apenas quem estiver dentre do grupo já selecionado, ou seja, a segunda comissão só serve de fantoche. Fiquei triste nas últimas edições por isso, quando vi que críticos como o Paulo Herkenhoff, por exemplo, que foi convidado para a premiação, não viram, mas poderiam ter visto meu portfólio, porque tenho certeza que gostariam de ver o que enviei. Outra razão que me deixa realmente decepcionado é o fato de ninguém nets última edição do prêmio se dar ao respeito de me responder, depois de eu ter enviado 3 vezes pelo site e pelo meu e-mail pessoal mensagens ao endereço de e-mail do Prêmio, perguntando de uma forma sintética e mais que educada sobre as razões de obrigatoriamente (o edital exige que a ficha de inscrição esteja completamente preenchida) ter que sugerir nomes de 3 críticos de minha preferência pessoal. Obviamente eu quis saber a que se destina esse ítem, porque se a comissão vê a ficha e tem acesso a essas informações, não é nada interessante para o artista se expor dessa forma, não é verdade? chega a ser até anti-ético. Mas não obtive qualquer retorno, mesmo insistindo, sempre na mais cordial educação. Ainda vou tirar isso a limpo.
    Enfim, sou amigo e parceiro de quase todos os que participam e que já foram premiados, e lamento ter que contar aos meus colegas, que sempre me perguntam se eu me inscrevi, que tenho investido e enviado sempre o melhor portfólio possível. Todos sabem que falta de competência e trajetória comprovada não é meu caso. Tenho certeza inclusive, que se o Marcantônio Vilaça estivesse vivo saberia melhor considerar, como sempre soube tão bem, o profissionalismo e acima de tudo o talento artístico.
    De qualquer forma, não dirijo em nenhuma hipótese minha crítica a você, na verdade agradeço a oportunidade de poder registrar meu depoimento pessoal e reforço que admiro e aplaudo sua atitude. Além da arte brasileira não ser uma coisa centralizada, também não faz o menor sentido e em muito diminui os créditos do programa qualquer tendência regionalista, principalmente nos dias atuais. Todos moramos no mundo, caipira é só quem não consegue ver nada além do umbigo.
    Obrigado, Daniela.
    Abraço,
    Tony

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    1. Oi Daniela, eu havia entendido errado sobre a sua participação na comissão, confundi com a comissão do prêmio, vá lá, me perdoe na referência a isso, ok?
      abraço.

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      1. Oi, Tony!
        Muito prazer e vamos manter contato. Conheci vários artistas de outros estados assim, pela internet. Na verdade, no fundo acho que faço o blog para conhecer vcs.
        Um forte abraço,
        Daniela

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  19. Bacana Josué! Estamos em contato. Envie o seu email quando puder.

    Laerte, aproveitando a vontade de expansão pelo Brasil, existem 2 salões abertos atualmente no estado de Goiás. Sem contar que a UFG tem um espaço expositivo novo que é muito bom e bota muita faculdade federal do brasil no chinelo.

    Abraços!

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    1. Vamos? O convite não é só a você, Luiza, mas também aos outros – Laerte, Marcelo. Digam o caminho e começo a me mexer. Acho que existem duas questões prementes no mercado.

      Uma é a profissionalização além da venda – e profissionalização aí não como uma palavra pejorativa, mas como um coeficiente de respeito ao que fazemos. Ainda recebemos propostas para trabalhar de graça ou quase de graça, tantos os artistas quanto os curadores. Isso acontece em espaços comerciais, mas também em muitos editais.

      A outra questão, que é a que estamos levantando agora com muita propriedade, é o lado nocivo desta profissionalização – que é o aparato burocrático, apenas uma aura de profissionalização e naõ a dita cuja – não ser suficiente para dar conta de um reconhecimento de parte a parte. Não nos conhecemos, não nos avaliamos.

      Teria o maior prazer em fazer uma exposição na UFG e, neste caso, a questão financeira – que é necessária à sobrevivência e precisa estar premente e respeitada em outras situações – não seria a prioridade.

      Sei que, para desenvolver o meu trabalho de maneira decente, não posso ficar restrita ao Arpoador. Gostaria de ter a oportunidade de levar o trabalho de artistas que já conheço e respeito – e sobre os quais posso falar e escrever, ampliando um debate sobre suas obras – para outras praças. E, a partir deste caminho de ida, forçar necessariamente o caminho de volta. Estando lá, abrir novos diálogos e poder fazer a informação circular.

      Estou aqui. Minha mochilona anda meio mofada, mas acho que nem tenho mais idade pra usá-la. Uma nova mala de rodinhas pode ser um bom presente de aniversário…

      Beijos.

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  20. Outro ponto relacionado ao texto que enviei a Luiza…

    Vou gostar muito de continuar conversando com vc e outros artistas que quiserem, por e-mail…

    Faço isso por interesse em me capacitar dentro daquilo que escolhi como profissão. E também porque é esse tipo de material que me dirige a projetos curatoriais… Nisso tudo, é importante reafirmar que todo o sistema de arte esta’ a serviço dos artistas, não o contrário.

    abraço

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  21. Queridos.
    Fico feliz que esta reflexão esta sendo feita.
    Acho fundamental pensarmos sobre a melhoria dos premios, das iniciativas, dos pontos de cultura e também da melhoria como artistas, criticos e curadores.
    Eu realmente peço a todos os artistas que divulguem e façam exposições pelo nosso amado país sem levantar bandeiras de cidades. O minc financia passagens de avião para os projetos…. Temos que ter o mesmo carinho, com todas as regiões, tem muita região carente que precisa de nossos serviços como agentes de cultura. Mas temos que ter responsabilidade (lembra do caso do Gabriel).nTemos que mudar esta postura de contar os artistas de onde vieram, de onde nasceram de onde vivem ou trabalham, e sim tomar conta de todos os cantos do nosso país.
    Por favor, vamos sair destes nucleos e mostrar realmente que nos podemos mudar o nosso país fazendo o que nos mais gostamos.
    Daniela: o rumos/itau promove uma rede de pesquisa entre criticos e curadores que vão alem de apenas receber os portifolios e examiná-los. Eles financiam viagens de pesquisas dos criticos/curadores pelo brasil inteiro. As equipes são grandes, e maior que isto a quantidade de artistas espalhados pelo nosso país. Procure por quem ja particiou deste projeto, eles tem relatorios sobre todas as realidades regionais, sejam elas boas ou não, esta tudo la, escrito em relatorios. Tente participar deste projeto também, garanto que vc tera outras visões sobre cariocas, paulistas…… brasileiros.
    Beijos

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  22. Querida Luiza,

    Esteja certa que durante todos os dias de seleção estive com um pequeno caderno anotando os nomes de artistas que, no processo de seleção que não cabia a mim decidir sozinho, por algum motivo não entraram…

    Sei que isso não tem grande valor comparado ao fato de ter sido selecionado entre os 30, mas esteja certa que tenho um grande interesse em manter minha pesquisa de pelo menos 40% dos artistas que por razões variadas (que, obviamente, não param na qualidade da impressão de um portfolio) não entraram…

    Também tenho amigos artistas de estados diversos: como Rio, sul do BR e nordeste… Adoraria vê-los entre os selecionados (não por serem amigos), mas por conhecer a seriedade com a qual eles conduzem seus trabalhos… Mas isso nem sempre é possivel, pois depende de um monte de critérios (subjetivos) que entram em cena…

    Abraços

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    1. Queridos Josué, Luiza, Marcelo.

      Acho que a Luiza está coberta de razão quando reflete sobre a possibilidade de uma ampliação/modernização da chegada deste tipo de material. Como sei que este tipo de mergulho mais profundo também é um ponto que inquieta o Josué, tomo a liberdade de passar o link aqui do blog com meu texto crítico a respeito deste trabalha a que Luiza se refere. Nele, Josué, você poderá chegar ao vídeo na íntegra no site da Luiza, além de encontrar também a “porta” para todas as outras séries de trabalhos da artista. Em tempos de web, acho que o debate está se encaminhando para um momento muito rico a partir da entrada variada de pessoas nesta lista de comentários.

      Segue o link

      http://wp.me/pCGyU-Ep

      Beijos.

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  23. Concordo com vocês, e bastante com o Marcelo.
    Mas concentrando em um outro ponto comentado:
    Muitos artistas sofrem em processos seletivos como o do Marcantonio Vilaça porque não têm retorno dos critérios de seleção e das possíveis falhas no resumido portifólio.
    Como apresentar seu trabalho em 15 imagens para pessoas que não tem ideia do que você faz? Como ser sucinto e totalmente convincente?
    No meu trabalho faço muitas séries de imagens, que vão de fotografias (muitas) a vídeo e texto. Mas preciso resumir toda uma proposta em poucas imagens e palavras para poder “estar contida” numa regra de apresentação.
    Será que o Josué, aqui presente, conseguiu de fato conhecer o meu trabalho através de um portifólio impresso, no qual gastei aproximadamente R$100, e confesso que não sei se dava realmente conta de apresentar-me propriamente?
    E eu tinha os R$100 para gastar, mas e aqueles por aí que não têm? Porque nessa conta ainda entram os gastos de correio de ida e volta. Será que esse formato também não afasta muita gente espalhada pelo Brasil em participar?
    Porque já que estamos diariamente na internet, não assumimos um formato mais democrático de participação em editais e leituras de portifólios, como recentemente foi feito pelo Terra Una? Ainda economizamos papel e muito dinheiro com impressão de fotografias! Porque me desculpem, já que trabalho com isso, não posso mandar cópia laser colorida.
    Alguns editais aceitam CDs e DVDs, onde podemos até apresentar vídeo. E no caso do Marcantonio, que nem isso era possível? Tive que montar um still do vídeo e contar, resumidamente, o que acontecia ali. Posso defender o meu trabalho desta forma?
    Dani, você que puxou esse papo, acompanhou o processo de feitura do “De murunduns e fronteiras”. Você acha mesmo que um still do vídeo e o meu texto (que nem sei se foi lido), dão conta de comentar a obra?
    Enfim…
    Só mais um comentário a respeito disso tudo.
    Abraços!

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    1. Cara Luiza,

      Me solidarizo com você quando você comentou que em seu trabalho você produz muitas séries de imagens. Eu em quase todos os meus trabalhos produzo séries. E algumas podem ter mais de 20, mais de 30 imagens. E passo pelo mesmo dilema: como representar a minha produção, em apenas 15 imagens, se em apenas 1 trabalho, há 20 ou mais? Com um monte de thumbnails? Não dá para ver nada!
      Uso a internet desde 1996. Tenho um site desde então. Concordo inteiramente com você quando diz que a internet poderia ser um meio alternativo (e até ecológico! não precisa papel!) para a apresentação de um corpo de trabalho de um artista. Ou um CD/DVD, com PDFs, PowerPoint, videos, definam os formatos senhores juízes e jurados!
      abraços
      Fábio

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  24. Caros,
    Muito interessante essa discussão apresentada pela Daniela, muito sóbria e imparcial. Quem dera todos tivéssemos sempre a clareza das palavras como vc!
    Acredito que essa questão levantada pela Daniela e Laerte acima diz respeito mais aos centros de produção da arte contemporânea hoje no Brasil do que propriamente à lista dos finalistas do prêmio Marcantônio Vilaça.
    Digo isso pelos seguintes motivos:

    1) para se ter um critério de abrangência da iniciativa do SESI é preciso ter em conta a quantidade de inscritos e suas regiões de procedência e não a lista dos finalistas – o que vai contar como válido para a instituição patrocinadora (pelo menos é o que deveria ser…) é a quantidade de artistas espalhados pelo país que se interessam em participar.
    De acordo com os dados abaixo (tomei do site do mapa das artes) existe uma queda brusca na edição passada no número de inscritos mas já há uma retomada nesta edição. em 2011/2012 são 508 inscritos, em 2009/2010 foram 353, em 2006/2008 foram 744 e em 2004/2006 foram 927.
    mas não consegui os dados da quantidade de inscritos por região ou estados, creio que isso daria um panorama ideal e muito mais definido do que é a produção e consequente interesse dos artistas espalhados pelo país hoje.

    2) é necessário se ter os critérios de seleção divulgados, isso quase nunca acontece no Brasil e é algo que os artistas sentem muita falta. Acredito que isso traria muito mais transparência e responsabilidade na hora do júri fazer a seleção. Pergunto-me para que tipo de artista é destinado o prêmio? iniciantes, com produção já encaminhada ou já estabelecidos e reconhecidos? isso também vai depender do júri montado a cada edição e sinceramente, eu acho muito bom pois não existe território seguro em artes, não é verdade?

    3) outro dado não divulgado nessa edição é localidade onde vivem os artistas, pelo que conheço da lista, acho que somente eu (em Campinas) e o Marcone (em Marabá) que moramos fora de capitais e grandes centros. é um dado muito importante pois a produção não fica restrita somente onde há maior concentração de equipamentos e “consumo” de cultura como as capitais. isso mostra até que ponto também as universidades e centros culturais estão fazendo seu papel de formadora de novos artistas fora dos eixos mais comuns da prática artística.

    Portanto Daniela, respeito muito sua crítica mas acho que os critérios dessa abordagem se referem muito mais ao interesse dos artistas no prêmio e aos critérios de seleção do júri, que poderiam e deveriam ser mais transparentes e abertos. A partir daí então, teríamos condições mais favoráveis para uma leitura mais acurada do que são os concursos e editais de arte feitos no Brasil hoje.

    Quanto à qualidade dos artistas selecionados, não vou falar pois sou um deles e não acho ético fazê-lo. Agradeço todo o carinho e respeito com que vc e o Laerte me trataram nas palavras acima, saibam que o sentimento é mútuo! Mas que é verdade que existem inúmeros artistas que ficaram de fora, que mereciam entrar, é verdade sim… também acho, uma pena.
    Sinceramente, gostaria de ver todos lá, os amigos, os bons e os distantes do eixo, mas nenhum concurso de artes se preza à justiça para com os participantes, mas aos juízos de valor de cada júri, que são sempre diversos.. ou pelo menos deveriam ser!

    Beijos!

    moscheta

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    1. Querido Marcelo,

      Acho que você tem razão em uma porção de coisas. E devo dizer que, além de bom artista, também escreve muito bem, puxa vida!

      Creio que o comentário da Luiza também aponta para uma direção muito importante.

      Estou esperando alguns dados que o Fioravante vai me mandar para ampliar e apontar novos caminhos para a minha análise e a participação lúcida e inteligente de todos vocês nestes comentários está colaborando muito para o debate.

      Em tempo: vou a SP para os shows do U2. Talvez vá antes, mas não é certo. Em abril, vou tentar chegar alguns dias antes. Quem sabe não nos vemos em Campinas? Seria legal conhecer seu ateliê e mergulhar mais no trabalho paralelo à sua obra que vc vem desenvolvendo na cidade.

      Beijos.

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  25. Oi Daniela,

    Recebi o link do seu blog, com reportagens super interessantes… Mas te escrevo por conta desse link, ao qual fui dirigido. Em todo caso, antes de tudo, parabéns pelo blog!

    Pra começo de conversa, no que me diz respeito, saiba que a admiração que manifestou no início do seu texto por parte do juri é recíproca. E mesmo que isso não fosse verdade, você foi bastante clara para me fazer entender cada ponto levantado. Por isso, tentarei registrar aqui minha opinião sobre o assunto, de modo algum buscando me defender de um ataque. Adorei seu texto, sobretudo pela possibilidade de debate!

    **

    Uma das coisas que mais me impressionou foi ver o quanto o Prêmio Marcantônio Vilaça ganhou notoriedade no Brasil. Havia uma lista de ”nomes porretas” (para usar um termo que vc usa para qualificar artistas que teria incluso a lista de 30) de quase duzentos artistas. Fato: grande maioria residente em São Paulo; não eram nem paulistas, nem paulistanos, ou o que quer que possa ser aplicado como critério para integrá-los à capital. Nasceram em diferentes partes do Brasil e hoje vivem por lá, amanhã talvez estejam em Marracheck, Londres, NY, Sertão da Paraiba ou em Calcuta… E não foi dos 200 ”nomes” porretas que sairam os 30. Nos pareceu importante dar espaço a artistas sem seu ”nome” (porreta ou não) fixo no circuito. Quanto ao olhar geográfico, devo lhe dizer (como você já sabe) que sou de Santa Catarina e vivi os últimos dez anos fora do país. Não me interessou (até mesmo por falta de tempo) saber se a pessoa vivia em São Paulo por um mês, um ou dez anos. Não estou escrevendo para te convencer a mudar de opinião quanto ao que expôs, mas também sei que a Grace, professora e crítica de arte de Brasília e o Fernando, professor, curador e crítico de arte de São Paulo, não tinham isso em mente.

    Digo isso sinceramente, por acreditar que em nosso lugar, você e mais dois juris, teriam certamente selecionado uma lista de artistas diferente (guardando alguns nomes, certamente), e não duvido que o resultado pudesse ter sido melhor… Lamentei não conseguir selecionar alguns artistas em quem acredito tanto (do Rio, do Nordeste, do Sul…), mas isso é problema de quase todo processo seletivo, o que me faz acreditar que esse sentimento é compartilhado com muitos dos meus colegas, e certamente com os outros dois que compuseram o corpo do juri da 4° edição do PMV.

    Por outro lado, tanto quanto representatividade nacional, houve um grande e claro entendimento sobre o problema que existe (de artistas porretas (sobretudo deles) e menos porretas), em apresentar seu portfólio a um juri. Éramos três, você sabe o que isso implica: havia artistas conhecidos de uns e não de outros…Avaliar a descrição de obras ausentes do portfolio a um dos componentes do juri nem sempre é fácil, sobretudo quando você está defronte para um material não muito bem formatado. Enfim, preciso dizer, para essa profícua discussão não tomar o lado errado, que não estávamos em busca da melhor gramatura de papel ou da melhor impressão a laser das imagens dos portfólios. Porém, alguns artistas porretas simplesmente não enviaram seus portfólios atualizados e/ou formatados adequadamente.
    Você diz: ”O Marcantonio Vilaça sempre foi, aliás, uma das formas de os artistas brasileiros de todo canto conhecerem outros artistas brasileiros de todo canto. A exposição com os selecionados do prêmio viaja por todo o território, provocando um saudável intercâmbio, uma troca de olhares.”
    Em reação ao que li em seu texto e reproduzo acima, preciso te informar algo: a seleção dos trinta não viaja em exposição (quanto a isso concordo com a opinião do Laerte, seria incrível se isso acontecesse). São 5 artistas premiados que viajam pelo Brasil. Quanto ao Rio de Janeiro, que suscitou grande debate em seu blog, pela lamentação do placar um tanto mesquinho (que varia entre 17×2, 20×2, ao que eu diria que precisa ser revisto, consideranto o local de nascimento dos artistas), diria que ele recebeu 8 das 15 premiações das três últimas edições. Digo isso em consideração a sua reflexão que inclui ”residentes” com ”nativos” (palavra estranha, obsoleta, mas por não encontrar melhor, precisei usá-la para me referir aos artistas que nasceram em determinada cidade). Tendo dominado mais de 50% dos prêmios de 6 anos desse incrível projeto, o restante ficou para SP (3), MG (2), Norte e Nordeste (2). Nada para os cantos do sul… Por isso, não sei então se concordo com o que você afirma.

    Mas entendo que formar novos artistas não é problema do Marcantônio Vilaça. Espero que continue sendo o de Salões de Arte, da Funarte, do MinC e das iniciativas públicas e privadas de diferentes regiões. O PMV visa instigar a produção de quem já produz há anos (eles sempre serão muito mais que 200 inscritos, se as estatísticas continuarem, graças a Deus!) e consolidar carreiras. Me parece que há intenção em desbravar territórios não é o norte para a seleção dos artistas. Ainda que o PMV o faça com suas itinerâncias presentes em diferentes partes do Brasil. Inclusive, vale notar que isso refletiu na 4° edição do PMV em inscrições de cidades as mais remotas.

    No entanto, ainda que de tais cidades tenham surgido inscritos, e que por isso mesmo acredito e não vejo razão para me opor a frase de Agnaldo Farias citada por você, diria que a inteligência é latente em todo e qualquer ser humano, mas muitos precisam de uma série de experiências práticas para exporem-nas. Afinal, já faz bastante tempo que artista é considerado um profissional (quando virá nosso dia enquanto curador?), e todo e qualquer profissional respeita códigos para formatar, apresentar e defender ideias.
    Sinceramente (me repito, mas é importante por que não quero criar máculas na nossa amizade), obrigado pela sua carta e por levantar tais questões. No entanto, entenda que não éramos nem goleiros e nem atacantes para vermos o resultado comparado a uma partida de futebol entre paulistas e cariocas. Nunca me passou pela cabeça esse tipo de problema no contexto do PMV.
    Em compensação, espero poder em breve te enviar algo que estou formatando para contribuir na descentralização da informação-formação-acompanhamento de artistas porretas e menos porretas (repito essa palavra a exaustão porque ela me soa super bem e divertida!

    Um forte abraço,
    Josué

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    1. Meu querido Josué,

      Que alegria receber este seu comentário.
      Acho que tudo isso já está sendo válido pelo debate, não só porque o Prêmio Marcantonio Vilaça precisa continuar – e cada vez melhor – mas também porque é uma forma de refletirmos sobre o nosso meio de arte.

      Sei que me expressei mal quanto à exposição. Acompanhei todas as outras edições e sei que quem viaja são os finalistas. No entanto, quando uma pré-seleção de 30 já é descompassada, a tendência é que a final seja também. Ou até que não, e possa acabar premiando artistas de regiões com poucos pré-selecionados para compensar um equilíbrio que não havia anteriormente.

      Sei bem o que você está dizendo em relação a portfolio, uma questão já levantada pelo Laerte em outro comentário acima. É uma realidade para a hora que o júri chega à mesa de discussão, mas é também uma crueldade que um Power Point e uma pasta bem impressa passem a ser o nosso único termômetro na hora de uma avaliação, não é mesmo?

      Logo que nos conhecemos, falamos bastante sobre o assunto, porque sua experiência no Salão de Itajaí estava fresquíssima. Aguardo ansiosa seu projeto para o acompanhamento de artistas porretas e não tão porretas, porque é preciso ter outros parâmetros além do PDF e da cópia a laser. Estou a postos para colaborar e arregaçar as mangas do seu lado. É uma questão que me preocupa muito, do contrário não teria escrito este post, que poderia ser muito mal interpretado – e tenho certeza que talvez seja, por algumas pessoas.

      Um abração,
      Daniela.

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  26. Dani querida, tudo bem?
    Li o seu texto, e me gerou a seguinte reflexão.
    Sou paulista, amo minha cidade.
    Sou artista e amo meu país.
    O que vejo hoje em dia, é verdade, uma migração de artistas de estados/cidades desfavorecidos pelo circuito de arte contemporânea migrarem para o rio e para são paulo.
    Em contra partida disto, vejo também o outro lado: poucos artistas que conseguem mesmo de longe, fazer sua carreira pelo nosso país (não apenas rio e são paulo), e ainda ajudar a sua cidade a crescer culturalmente. Exemplo disto é o marcone moreira que é presidente do GAM – Galpão de Artes de Marabá no Pará.
    Ele mora em uma cidade onde é bem longe de Belém/PA, e mesmo assim faz um excelente trabalho artístico de oficinas, exposições usando um ponto de cultura – do governo como uma arma contra a falta de cultura. É uma excelente ferramenta – eu mesmo ja fui pra la conferir, ja dei oficinas por la, e este ano vou fazer uma individual no Galpão.
    Bom, então tem os dois lados: artistas que abandonam seu território e vai para um mais “fácil”, e outros que insistem em ficar, lutar e plantar sementes de culturas – e isto também funciona. Claro que depende de muito amor, muita competência, energia e sorte para isto dar certo.
    Percebemos também uma mudança radical na postura de artistas mais jovens, ou de começo de carreira: uma vontade tremenda de estar em uma galeria, parecendo esta dar um aval de artista e holofotes. Vemos que antes de artistas terem 3 ou 5 anos de carreira (que é muito pouco ainda), ja tem assessores de imprensa, mesadas de galerias e tudo mais – artistas playboys. A arte esta virando mais um negocio do que outra coisa. E continuando, se o interesse é antes em galerias do que centros culturais, centros públicos de arte, o interesse é fazer mais moeda, e menos arte/cultura consequentemente.
    Exemplos disto são simples: pegue os currículos dos artistas: Alguns somente tem exposições em galerias comerciais, ou em feiras de arte comerciais e ficam estes sim presos em eixos rio-sp, ai vemos a preocupação ou postura do artista. Ao meu ver, isto sim é preocupante, mais do que as “20 vagas”.
    Daniela, estou dando a visão de artista – acho que importante ver como os artistas se colocam diante de suas produções e carreiras. Isto é mais importante do que as propostas dos prêmios, mas ja falo disto também.
    A sua visão é de curadora/critica, é uma visão de um angulo diferente.
    Abaixo eu apresento onde participei com as minhas exposições individuais, e fica claro a minha preocupação com a produção cultural do nosso país como um todo.
    Comecei a expor em 97, e logo em 2000 ja estava fazendo minhas individuais pelo brasil inteiro, e nesta época: eles não davam passagens, nao davam verba de produção, não davam e nem sabiam o que era um pró-labore, e muito menos bancavam as vernissagens. Quando fiz a minha exposição em 2000 no centro cultural são paulo, tão importante hoje, eu tive que pagar a tinta da minha parede e ainda roubaram um trabalho meu e não vi a indenização até hoje. Minha primeira individual foi em Londrina, no mesmo ano.
    As coisas melhoraram?
    Sim, muito, não tem nem comparação (ss míseros prêmios que eram em UFIR agora tem tantas casas decimais que demora ate pra contar).
    A começar pela internet, que possibilita o acesso a editais de todo o mundo. Antes sabe como eu fazia? Ia em bibliotecas e olhava nos cvs de artistas mais velhos para saber e conhecer espaços de arte, e ai ligava usando as paginas amarelas para obter informações sobre datas e possibilidades. Ta fácil hoje, né? E ainda sem verbas…..
    O que percebo hoje é artista reclamando que não vai mandar projeto porque pagam mil reais e isto não cobre o valor da moldura, da viagem, etc…..
    Acho que estamos criando tantas facilidades que muitos artistas ficam mal acostumados e amolecem em frescuras, ou querem ser tratados como artistas incríveis e famosos – celebridades.
    Ser artista acaba dando um status, mas acho que o mais importante é a pesquisa, e o comprometimento cultural – pouco falado, comentado e feito de verdade por todos nós.
    Bom, quanto ao prêmio, falando dos mais importantes: marcantonio, funarte e rumos. Qual deles é o melhor? Todos tem seus lados positivos e negativos (ou que devam ser melhorados). Quanto ao Rumos, vi artistas plásticos participantes do prêmio reclamando, reclamando e reclamando sobre o que fazer depois, sobre pra que dar o mundo se depois nada acontece, ai vem a minha pergunta: nada acontece? O rumos é a única instituição que leva “detentos” da fundação casa para presenciarem uma exposição de arte. Isto para mim, muda tudo. Um evento que pensa desta maneira deve continuar, e sim, melhorar sempre. Agora me pergunte se estes artistas reclames sabiam deste detalhe dos detentos….. não sabiam, e pior, não se importam.
    Pois é.
    Ja o Marcantonio, um prêmio também aberto para todos (assim como muitos outros) também abre portas para artistas enviarem seus trabalhos via portifolio. Agora a minha pergunta: independente de região, será que todos os artistas (bons ou ruins), sabem traduzir seus trabalhos em uma linguagem entendivel em seus portifólios? Assim como um pintor que para pintar precisa dominar a técnica da pintura, um artista hoje em dia precisa dominar outra língua, saber tirar fotos do trabalho, montar projetos, saber escrever, e montar portifolios – e em alguns casos ja precisam de assessorai particular…… Bom, vejo que os artistas viraram empresas, o que tem que ficar atento é se estas pequenas e/ou mega empresas tem como meta a cultura, ou apenas os holofotes. O prêmio marcantonio seleciona 30 artistas, e deste trinta, somente 5 ganham, os outros 25 também são convidados para presenciar o prêmio e aplaudir os 5 que ganham. Geralmente os 25 ficam um pouco tristes, e bêbados, ja os outros 5 ficam meio mal por ganhar o prêmio e comemorar com + 25 “perdedores”. Esta formatação, não é fácil nem para os perdedores, nem para os ganhadores. Ja fui pre-selecionado 2 vezes, e com esta chego a minha terceira nomeação ao oscar das artes. Lembra do Marcone? que falei no começo do texto? Então, é a quarta nominação dele. Isto são coisas para se pensar? Sim, ele no caso, compete com pouquíssimos artistas da região dele, e eu no meu caso, entro numa fila enorme a as vagas são bem mais difíceis para nos paulistas, pode ter certeza disto, ai eu preciso caprichar na apresentação de meus trabalhos. Levei 10 anos para ser selecionado pelo paço das artes, levei 8 anos para ser selecionado pelo rumos. Quando participei do rumos, muitos jovens artistas me perguntavam: o que vc faz por aqui, não é para jovens? Ai eu respondia exatamente isto. Devido as regiões, é mais fácil entrar no prêmio alguém de uma região fora do eixo rio-sp do que de sp. Eu concorro com muito mais vagas, e para mim é bem mais difícil do que para vocês. Voce consegue enxergar assim como curadora? Voce vai perceber isto quando tiver em mãos 1000 portifolios do brasil inteiro e ter que resolver tudo em 2 dias e com mais 2 curadores que não pensam exatamente como você.
    Bom, então continuando sobre o prêmio marcantonio, eu realmente acho que ele precisa de mudanças, mas estas em primeiro lugar são para com os 25 perdedores. Tem que ter uma coletiva para justificar a presença dos 25 artistas que não ganham o prêmio. Eu sempre pensei nisto, esta é a minha visão de melhora.
    Uma solução para o prêmio marcantonio vilaça, pode ser a postura que a FUNARTE tem: eles dividem os editais nacionais em 5 regiões. O problema que se tem, é que em alguma região, vc, se for selecionar trabalhos vai ter muita dificuldade de achar 5 portifolios honestamente e verdadeiramente bons, infelizmente. Espero que as coisas mudem, mas isto depende de pontos de cultura ou iniciativas “x”, isto depende de visitas de curadores em todas as regiões do nosso pais (lembro que o Marcio Harum foi no GAM, e foi bem bacana isto). Acho que o ponto crucial de tudo isto é a nossa postura como fazedores e mediadores de cultura. Em viajar pelo pais e espalhar trabalhos, obras, exposições e aprender com tudo isto. Quantos artistas que fazem suas individuais ou coletivas nestes prêmios, quem conversa com os monitores das exposições? Ou com os segurancas? Os segurancas que mais ficam presentes durante a exposição…….alguém se importa? Eu geralmente troco palavras com eles, pois com eles que consigo perceber o que o publico achou de meus trabalhos….e sempre coleto informações importantes para eu continuar a minha pesquisa.
    Temos que tentar ensinar este tipo de postura aos artistas mais novos, senão teremos sim um punhado de celebridades que somente querem ganhar prêmios e ficar famosos, lindos, ricos e drogados.
    Lembro que teve uma versão do rumos que ficou famosa por selecionar dois artistas específicos: uma mais velha, e um novíssimo, devia ter uns 16 anos. A mais velha, a Lucia Laguna, esta super bem hoje, tem uma excelente produção e participa do mercado carioca ativamente. E o mais novo? Sabe algo dele? Poucos sobem, garanto que quem selecionou ele na época não sabe… Bom, eu sei, ele se chama Gabriel, é do Pará, um território fora do eixo rio-sp e ele não tem dinheiro para comprar telas, tintas e mata a cada dia o sonho que ja deram para ele, de participar do rumos, de ter tudo, e hoje, nada….. Peço que quando selecionarem artistas de estados e regiões menos favorecidas, pensem em realmente ajudar, em desenvolver parcerias, em manter contato, em chamar para futuras exposições, senão acontece isto: damos a chave de ouro para um garoto, e depois de 3 meses jogamos fora o sonho dele em abandono. Todos nos temos responsabilidade nisto, até eu que trabalho com isto, participo de seleções, editais, ministro oficinas de arte e me empenho culturalmente pelo nosso país me sinto responsável por este garoto.
    Vamos continuar a pensar nisto? De verdade, com compromisso…..
    Ja escrevi demais, Dani, e olha que nem entrei na parte da prostituição que envolve uma parte do quadro cultural, e ela existe.
    Beijos,
    laerte

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    1. Amado Laerte, estou na rua neste momento. Uma resposta tão incrível como a sua merece mais. Na volta para casa, prometo continuar nossa reflexão. beijo

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    2. Meu querido, agora sim, respondo: concordo com muitas das coisas que vc escreveu e sou fã de carteirinha do Marcone, pelos mesmos motivos que vc falou, embora não o conheça pessoalmente. Tive a oportunidade de, junto com o Celso Fioravante, que participou do mesmo júri que eu há muitas eras glaciais, dar a ele o primeiro prêmio destes que ele recebeu, em uma edição do Salão do Pará. E desde então acompanho sua trajetória. É incrível.
      Também concordo com praticamente 100% do que vc disse sobre esta questão mercadológica e na transformação da arte em apenas business, em algo vendedor.
      Concordo ainda com o que vc diz sobre a continuidade de acompanhamento de um artista que recebe um prêmio ou a chance de expor. Tenho pensado muito nisso não só nesta questão regional, mas mesmo aqui no Rio mesmo, em uma mostra como o Abre Alas. O que adianta eu ter ajudado a dar visibilidade a 19 artista se depois não acompanhá-los, de alguma forma? Claro, os que quiserem ser acompanhados, permanecerem em troca.
      Minha questão como Marcantonio Vilaça é que este business de que falamos é muito mais forte em SP, por motivos óbvios. Existe em toda parte, assim como panelas existem em toda parte. Mas SP é a força da grana – o que não significa em nenhum momento que não haja excelentes artistas aí, você sabe o quanto acredito nisso e a forma natural como fui me aproximando dos mais jovens, como é o seu caso.

      +++

      Sei que um prêmio às vezes é apenas uma vitrine inócua, que reproduz mecanismos viciados de vitória e derrota da nossa sociedade meio dodói. No entanto, em um país ainda com tão poucos recursos – não só financeiros, mas também humanos, no que diz respeito à esfera pública – a itinerância do Marcantonio Vilaça proporciona uma lufada de vento, que pode ou não ter efeito. Um exemplo: foi na exposição do prêmio que conheci o trabalho do Yuri Firmeza e do Henrique Oliveira – e partir daí pude ficar atenta, e eventualmente escrever aqui no blog sobre eles, ajudando na disseminação de informação.

      A preponderância de SP neste “placar” – desculpe pela palavra péssima – na verdade me soa como uma reafirmação de duas coisas muito ruins, que é justamente este “artista vendedor-PDF-planilha”, já com uma senhora estrutura por trás, e, por parte de quem julgou a história, uma dificuldade em enxergar para além disso.

      São Paulo naturalmente concentra hoje muitos talentos, sobretudo na nossa geração e na geração mais nova que a nossa. Mas a lista dos paulistas é profundamente irregular, quase um ponto de encontro entre o que estou falando e o que vc disse tão bem.

      Estou aqui, pronta para continuarmos pensando juntos.

      E quero muito conhecer o Galpão de Marabá, se tiver oportunidade. Se você quiser fazer a ponte entre mim e o Marcone, vou adorar demais. Vou gostar de saber também de outras iniciativas como esta. Outro dia soube de um esforço da prefeitura de Viana, uma pequena cidade do Espírito Santo, em promover residências de artistas contemporâneos lá. O Rufino fez um lindo trabalho. Estas coisas têm que acontecer mais que os prêmios, mas é um trabalho de formiga.

      Estou aqui para carregar folhinhas do seu lado.

      Beijos

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    3. Laerte,
      Me permite assinar junto com você a sua reflexão sobre os “artistas playboys”, cujo interesse em arte é apenas fama, grana & acessórios que lhes acompanham?
      Também me incomoda muito os “artistas empresas”, com acessorias, estratégias mercadológicas, estratégias de como se colocar no meio (atitude), verdadeiros personagens profissionais emulando arte e artistas!
      Outro dia mesmo estava comentando com um amigo artista que quem começou nos anos 1990, como eu comecei, e não existia praticamente NADA em termos de mercado de arte, havia vários grupos que se viravam cada qual da melhor maneira que lhe era possível e organizavam suas próprias exposições coletivas, e muitos, suas individuais, isso quando havia apenas os centros culturais, que como você bemn apontou, não davam 1 centavo para nada! No máximo o convite e talvez os comes e bebes da abertura.
      E agora também fica me parecendo que está tudo tão mais fácil, que os artistas novos NEM SEQUER consideram formar um grupo, mesmo que temporário, escrever um projeto, e caçar um lugar para expor, e talvez inclusive cuidar da própria divulgação. E naquele tempo não havia email, blog, nada de internet, que facilita MUITO! Era apenas etiquetas adesivas e correios!! E isso custava uma GRANA!! E agora você faz uma divulgação muito mais abrangente, gastando praticamente NADA! Basta um flyer para mandar por email. E há vários projetos e blogs sobre arte contemporânea brasileira para mandar material. Quando eu comecei o CUBO BRANCO em 1996, praticamente NINGUÉM em artes tinha acesso à internet.
      E tem também o tópico prostituição, que vc não entrou, mas que também é uma preocupação minha, e que junto de todas as outras levantadas, vão me dando uma imensa canseira do nosso meio e seus atores e personagens.
      abração!!
      Fábio

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  27. Dani, vc. tirou as palavras da minha boca, e parabéns pela coragem! como artista pega meio mal reclamar, já que como Raul tb. me inscrevi e fiquei de fora, junto com muita gente bacana provavelmente. Mas também queria levantar outra questão que me choca: apenas 6 artistas mulheres num universo de 24 homens (5 delas paulistas, logico!) ! São situaões que vem se repetindo com cada vez maior frequencia. Para finalizar, gostaria de lembrar que ano passado, o premio pipa, promovido no Rio, não conseguiu, ou não quis (pois sei que os finalistas foram escolhidos entre os mais votados e não simplesmente os mais votados) colocar um carioca na final! se a cidade também não defende o que é dela, pois residem aqui artistas talentosíssimos, com certeza, fica dificil, né? Acho que é chagada a hora dos cariocas cobrarem um pouco mais de suas instituições. Beijos!

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    1. Oi, Ana!
      Acho que os processos de seleção do Pipa e do Marcantônio são muito distintos e eu confesso que prefiro o segundo, ou uma mescla entre os dois. Mas não acho que deva haver um protecionismo nem de cariocas e nem de paulistas. Alguns dos artistas paulistas indicados para o Marcantônio este ano são talentosíssimos, nomes que estariam em qualquer lista. Não por acaso, Marcius Galan e Marcelo Moscheta foram finalistas do Pipa. Eles são ótimos, excepcionais.

      O que pondero o tempo inteiro é que, numa seleção com 508 portfólios inscritos, os paulistas menos talentosos do que estes inquestionáveis poderiam ser substituídos por artistas talentosíssimos de outros estados que devem ter se inscrito. E aí me refiro não apenas ao Rio, porque estaríamos incorrendo no mesmo erro, mas a todos os lugares do Brasil.

      Beijo enorme!
      Um beijão!

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    2. Acho que devemos pensar no brasil sem fronteiras, se for pensar em paulistas e cariocas pensamos pequeno. Devemos nos importar com o nosso pais como um todo. O premio é uma coisa muito pequena perto do problema que temos. Leiam a minha reflexão.
      Beijos.

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    3. So mais uma nota sobre o premio pipa. O ganhador paulista do premio pipa Marcelo Moscheta, merece, e muito. Ele também tem como meta em sua produção, esta preocupação cultural, alem de uma bela obra/pesquisa. Ele ja desenvolveu projetos como o “casa na cidade”, em campinas, chamando artistas competentes para fazerem exposições em um espaço alternativo com verba da prefeitura, etc, entre outros. Precisamos de mais Marcelos!!!! E eu, celebrei a premiação deste grande vencedor com orgulho, independente de ser paulista, carioca ou seja la o que for. Ele é artista, brasileiro e faz muito pela cultura do nosso pais.
      Beijos.

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      1. Marcelo é 10. Por tudo isso que vc está dizendo e porque é um grande artista. Querido, nem eu e nem ninguém questionaria o nome do Marcelo Moscheta, mesmo que ele viesse de Marte. Mas nem só de Marcelos é feito este grupo grande…

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  28. Não há muito o que dizer , depois das sua cirúrgica análise, Dani !
    Ficam as cicatrizes que propostas como esta deixam na respeitabilidade de prêmios e instituições … mesmo não concorrendo nesta edição, não é estimulante ver a erosão de nossas poucas iniciativas válidas ! Espero que no topo restem escolhas primordiais … Bjs

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  29. Belo texto Name. Coloquei lá no blog o resultado dessa goleada como sendo SP 17 x 2 Rio mas vc tem razão ao aumentar o placar para 20 x 2. Resultado triste com 2 golzinhos de Cadu e Vicente. Tenta descobrir quantos tinham no total de inscritos. Será que artistas cariocas estavam em tão grande minoria??? Eu me inscrevi e fiquei de fora. bj

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      1. Pois é Dani.
        Concordo com seu comentário sobre o prêmio Marcantonio Villaça.
        Pior que não é somente neste caso a “preferência” por artistas paulistas…
        Há sim muitos artistas por este Brasil afora de grande potencial e qualidade, nem sempre com “currículo invejável” mas com obras de grande qualidade artística.
        Eu me inscrevi neste prêmio pela, segunda ou terceira vez, não lembro…
        Sou do Paraná, e creio que a cultura do sul, ao contrário do que os paulistas e cariocas pensam, tem grandes nomes (a exemplo de muitos músicos que nada conseguiram no brasil e hoje vivem a convite na Bélgica e outros países europeus, e artistas que daqui foram à França e lá estáo muito bem, nem pensam mais em voltar para este “mundo”.
        A parabenizo pela “coragem” do comentário, precisamos de mais pessoas assim no meio cultural.
        Se estranha que muitos nordestinos nao aparecem mais no prêmio, talvez seja por já terem percebido, como eu, que é perda de tempo até enviar material. Se não mora em SP nada feito…
        NÃO É A TOA QUE AINDA SOMOS CONSIDERADOS PAÍS DE TERCEIRO MUNDO.

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