“O MAM precisa ser um lugar acolhedor”

Replico do ótimo blog de Raul Mourão a não menos ótima entrevista de Luiz Camillo Osorio para a Veja Rio.  Fica uma pergunta: os jornais desta cidade não vão falar com o novo curador de seu mais importante museu?

CAMILLO

Novo curador do Museu de Arte Moderna (MAM), o professor e crítico carioca Luiz Camillo Osorio está determinado a recolocá-lo em seu devido lugar. Ou seja, voltar a ser um dos espaços mais importantes da cultura brasileira. Terá à disposição para trabalhar a Coleção Gilberto Chateaubriand, cedida há dezesseis anos em comodato à instituição, com 5 000 peças, e o acervo próprio, que reúne 6 000 itens. Economista com doutorado em filosofia na PUC, onde leciona, e formado em história da arte pelo Instituto de Arte Contemporânea de Londres, Osorio pretende atrair patrocinadores e incrementar a programação. “Vamos articular as várias linguagens para atrair um público, digamos, periférico, de dança, arquitetura, cinema”, afirma. “A arte carioca é um dos melhores produtos feitos aqui. Temos de estar à sua altura.” Leia a seguir os principais trechos da entrevista do curador a VEJA RIO.

O papel

“O MAM precisa retomar seu papel de discutir a arte contemporânea. Todo museu deve ser uma combinação de escola, por seu caráter de formação, e laboratório, devido à função de experimentar. Tem de combinar a leveza do entretenimento com a atividade intelectual.”

A curadoria

“Uma boa curadoria dá ao público a possibilidade de dialogar com as peças, pois a arte contemporânea pode correr o risco de ser excludente. Além das exposições em si, ela abre a perspectiva de pesquisar e debater a coleção.

Primeiras medidas

“Tenho uma agenda a cumprir. A partir de 2011, posso pensar em projetos próprios. Quero convidar pesquisadores capazes de desdobrar seus trabalhos em exposições. Um exemplo é a tese de doutorado da professora Ana Luiza Nobre, da PUC, sobre arquitetura, arte e design nos anos 50. Pretendo trazer o debate da arquitetura e design aqui para dentro.”

Fórmula

“Para conquistar um público fiel é preciso criar uma agenda. O ideal é que todo ano haja uma exposição de um artista moderno morto, como é o caso da mostra de Jorge Guinle. Outra boa atração periódica é um panorama de um artista vivo consagrado. É importante também que a programação dedique espaço a jovens artistas, mais experimentais. Além de manter uma exposição permanente do acervo com obras importantes de Tarsila do Amaral a Antônio Dias e Cildo Meireles.”

Mudanças

“O museu precisa ser acolhedor. Há poucos lugares para que as pessoas se sentem no MAM. Vou sugerir que o restaurante Laguiole abra uma passagem para a área de exposições no 2º andar. Assim, o visitante poderá tomar um café sem sair do prédio. Pensamos também em refazer o site, que pode ser um ótimo instrumento de apresentação da casa.”

Aporte financeiro

“Somos uma instituição privada com conselho, presidente eleito e que deve se gerir. É fundamental ampliarmos nosso quadro de mantenedores. Hoje são apenas dois, Petrobras e Light. Só vamos conseguir isso com boas exposições, mas para incrementar a agenda precisamos aumentar a captação. Uma ideia é segmentar os patrocínios: uma empresa se responsabiliza pela biblioteca, outra pela área de educação…”

MAM

“Trata-se de um lugar privilegiado. Além do baita acervo, ele é cercado por jardins de Burle Marx e pela Baía de Guanabara. Os museus de arte moderna são vitais. Nossas três concorrentes para sediar a Olimpíada – Madri, Tóquio e Chicago – possuem instituições de ponta.”

Rio de Janeiro

“A cidade está muito acomodada. Ela nunca foi só um balneário e tem de retomar seu papel de polo produtor cultural. Os artistas trabalham aqui, mas suas obras são vendidas fora do estado. Vamos articular as várias linguagens e atrair um público de dança, arquitetura, cinema… A arte é um dos melhores produtos da nossa cidade, e o museu tem de estar à sua altura.”

4 thoughts on ““O MAM precisa ser um lugar acolhedor”

  1. Nando, Reidy merece todas as homenagens e gostaria de somar esforços nesta empreitada. Sou uma grande fã da arquitetura dele. Vamos nos falar? Te mandei um email. bjks

    Gostar

  2. Também acho. Em especial por causa do meu Tio Affonso Reidy, que fez o museu com canto carinho, e sempre pensou no social. Dou moh força. E se o curador quiser, gostaria de fazer uma exposição comemorando o Centenário Affonso Eduardo Reidy, que é neste ano de 2009.

    Gostar

Deixe um comentário